terça-feira, 12 de junho de 2012

Gestão da Informação Zootécnica e Biotecnológica em Projetos de Melhoramento Genético das Raças de Corte Taurinas e Zebuínas no Brasil


INTRODUÇÃO
A Zootecnia moderna vem a cada dia contribuindo de forma efetiva com a geração de produtos e serviços, principalmente na bovinocultura de corte.  Estudando-se as informações geradas neste ramo do conhecimento, poderão ser solucionados problemas relacionados à gestão da informação zootécnica e biotecnológica das empresas que desenvolvem projetos de melhoramento genético de bovinos de corte das raças taurinas e zebuínas. As empresas citadas são aquelas reconhecidas pelo Departamento de Tecnologia e Produção Animal da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para emitir o Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP).
Neste contexto, a gestão das informações dos prontuários zootécnico dos programas de seleção e melhoramento genético dos rebanhos de gado de corte assume uma importância crescente na medida em que converte as informações zootécnicas e biotecnológicas em informações gerenciais capazes de contribuir para reduzir a incerteza durante o processo de tomada de decisões e de exploração de oportunidades relacionadas com o melhoramento genético do rebanho e de definição do plantel de animais.
Especificamente, há poucas pesquisas sobre este assunto e daí surgiu o interesse de investigar qual o estágio de desenvolvimento dos procedimentos de gestão da informação zootécnica e biotecnológica nas empresas que trabalham com o CEIP?
MATERIAL E MÉTODOS
A população da investigação foi constituída por 13 empresas. Porém, por diferentes motivos, não foi possível realizar o estudo com todas, situação que induziu a trabalharmos com uma amostra de 10 empresas, as quais representaram 76,92% da população.
Os primeiros contatos com as empresas foram realizados em julho de 2008 e no mês de setembro de 2008 foram enviados os questionários tanto por e-mail quanto por correio impresso. Enquanto que a finalização da coleta de dados e o subsequente início das análise dos dados ocorreu em setembro de 2010.
Para avaliar a gestão da informação zootécnica e biotecnológica foi utilizado um modelo de avaliação que prévia a definição, os critérios de julgamento e os procedimentos de avaliação da maturidade da gestão da informação (GUSMÃO; SILVA; SUKEYOSI; SOUZA, 2008).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todas as características avaliadas estavam adequadamente gerenciadas, mas precisavam avançar em direção à otimização de seus processos. A característica “funcionalidade da informação” obteve o melhor índice geral de maturidade (IGM), seguida das características “habilidade organizacional” e “cultura organizacional” e por último, a característica “tratamento da informação”, a qual obteve o menor índice.
As características determinantes do sucesso das ações de gestão da informação nas Empresas estavam situadas na fase de gestão da informação e no grau de execução controlada dos procedimentos. Contudo, a diferença matemática entre o índice geral de maturidade da característica “funcionalidade da informação”, a melhor ranqueada, e da característica “tratamento da informação” foi estatisticamente significativa, comprovando que podem existir diferenças expressivas de expertise dentro de um mesmo grau de maturidade. Comprovou-se também que as Empresas avaliadas gerenciavam otimizadamente vários procedimentos ou se encontravam em vias de fazê-lo.
Detectou-se também que as empresas mais antigas obtiveram melhores níveis de maturidade gerencial (4,52 pontos), ou seja, de perícia técnica, para executar os processos de gestão da informação do que as empresas mais novas (4,47 pontos). Contudo, a antiguidade das empresas não é um fator decisivo, para alcançar níveis otimizados de execução de processos, porque a diferença entre coeficientes dos dois grupos não é estatisticamente significante.
Para compreender isto é necessário aceitar que as tecnologias existentes atualmente permitem que as empresas mais novas não precisem percorrer a mesma trajetória das empresas mais antigas. Assim, o investimento para adoção de novos paradigmas de gestão, desfrute da experiência acumulada e já registrada, bem como a aquisição e desenvolvimento de novas ferramentas de informação permitem às empresas mais novas obter o mesmo grau de desenvolvimento daqueles experimentados pelas empresas mais antigas.
Posteriormente, identificou-se que as Empresas que gerenciam uma quantidade maior de projetos de melhoramento genético obtiveram melhores resultados. Contudo, não há diferença estatística significativa entre os índices das empresas que gerenciavam mais projetos (4,66 pontos) e daquelas que gerenciavam uma quantidade menor de projetos de melhoramento genético (4,45 pontos), ou seja, todos os dois grupos estão no mesmo grau de execução dos procedimentos de gestão da informação.  Contudo, é necessário reconhecer que o esforço de gestão empregado pelas empresas do primeiro grupo é bem maior e expõem estas empresas a riscos administrativos mais frequentes, bem como que elas possuem e gerenciam estruturas mas complexas.
Detectou-se também que as Empresas que gerenciavam rebanhos menores obtiveram melhores níveis de maturidade (4,52 pontos) enquanto que as Empresas que gerenciavam rebanhos maiores apresentaram menores níveis (4,46 pontos). Contudo, a diferença entre os coeficientes dos dois grupos não é estatisticamente significante e permite fazer a seguinte pergunta: será que as empresas que gerenciam rebanhos menores seriam capazes de obter o mesmo índice de maturidade se gerenciassem uma quantidade maior de animais?
As exigências de planejamento, organização, direção e controle dos processos de gestão da informação provenientes de grandes rebanhos obrigam as empresas que trabalham com melhoramento genético a um esforço maior porque elas estão expostas a uma maior diversidade de clientes e de estruturas administrativas. Desse modo, inclusive, obtendo um nível menor de competência técnica, a maturidade implícita delas é maior porque a complexidade de seus sistemas é proporcional à quantidade de projetos e animais gerenciados em suas ações de avaliação genética.
Identificou-se também que as Empresas que possuíam um departamento de gestão da informação obtiveram melhores níveis de maturidade (4,65 pontos) técnica para executar os processos de gerenciamento da informação existentes em sua estrutura organizacional do que aquelas que não possuiam (4,33 pontos). Neste sentido, as diferenças entre os coeficientes dos dois grupos são estatisticamente significativas e comprovam que a existência de uma estrutura institucional de gestão da informação é um fator importante que influi na qualidade dos processos de gestão da informação nas empresas.
Também foi identificado que as Empresas que possuíam convênios com universidades para o desenvolvimento dos projetos de avaliação genética obtiveram os melhores níveis de gestão da informação (4,87 pontos) ante as que não possuíam convênios (4,39 pontos). Contribui para que as Empresas do primeiro grupo alcancem estes resultados a capacidade de incorporar a transferência de conhecimentos da universidade para o setor produtivo e o incremento da capacidade de gerar soluções tecnológicas, bem como o fortalecimento das equipes de pesquisadores e extensionistas e, o refinamento dos procedimentos de avaliação genética.  As diferenças entre os coeficientes do grupo de empresas que possuíam e daquele que não possuíam convênios com universidades são estatisticamente significativas e permitem comprovar que a existência de convênios entre universidades e empresas é outro fator importante que influi na maturidade dos processos de gestão de informação.
O aumento dos custos das investigações de vanguarda e a grande concorrência por recursos públicos induziram tanto as universidades quanto seus pesquisadores à procurarem as empresas privadas para obterem novas fontes de financiamento. Enquanto que as necessidades de se manter competitiva e melhorarem sua produtividade induziram as empresas a associarem-se às universidades e obterem consequentemente acesso a equipes de pesquisadores qualificados, experientes, desejosos de compartilhar seus conhecimentos e enfrentarem novos desafios.
CONCLUSÃO
O grau de evolução das práticas de gestão da informação pode está diretamente relacionado com o processo gerencial nas empresas, considerando sua influência nas atividades cotidianas das empresas, já que não só o uso adequado das biotecnologias é um delineador de competência na ação empresarial. A utilização de processos de gestão da informação sem o devido monitoramento das informações zootécnicas e biotecnológicas pode impedir que as Empresas utilizem de forma produtiva tais informações, compilando apenas dados que não influirão para a execução otimizada das atividades produtivas.
1Parte da tese de doutorado do primeiro autor (GUSMÃO, 2012).
2Professor Assistente UFMT Rondonópolis. Doutor pela UC3M – ES. e-mail: aomgusmao@hotmail.com
3Professor Titular Universidad Carlos III de Madrid. e-mail: jamore@bib.uc3m.es
4Professor Adjunto UFMT Rondonópolis. Doutor pela FCAV/Unesp. e-mail: toinho@ufmt.br
Fonte: A Tribuna MT

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